2021-11-18

Treze fantasmas | Thirteen ghosts

Por trás de cada homem que hoje vive estão trinta fantasmas, pois essa é a proporção pela qual os mortos superam os vivos. Desde o alvorecer dos tempos, cerca de cem bilhões de seres humanos caminharam no planeta Terra.

Ora, esse é um número interessante, pois, por uma curiosa coincidência, há aproximadamente cem bilhões de estrelas em nosso universo local, a Via Láctea. Assim, para cada homem que já viveu, uma estrela brilha neste Universo.

[Trad. RK]

 Estas palavras estão no início de 2001: Uma Odisseia no Espaço de Arthur C. Clarke, publicado em 1968, quando a população mundial era de 3,5 bilhões. Hoje, que somos 7,9 bilhões, poderíamos dizer que treze fantasmas caminham atrás de cada ser humano.


Behind every man now alive stand thirty ghosts, for that is the ratio by which the dead outnumber the living. Since the dawn of time, roughly a hundred billion human beings have walked the planet Earth.

Now this is an interesting number, for by a curious coincidence there are approximately a hundred billion stars in our local universe, the Milky Way. So for every man who has ever lived, in this Universe there shines a star.

These words stand at the beginning of 2001: A Space Odyssey by Arthur C. Clarke, published in 1968, when the world's population was 3.5 billion. Today we are 7.9 billion, and we might say that thirteen ghosts walk behind every human being.

2021-11-11

Referências ao xadrez n’“O Senhor dos Anéis” | Chess references in “The Lord of the Rings”

[Versão em português por Ronald Kyrmse: HarperCollins Brasil - 2019] 


He fell silent and sighed. ‘Well, no need to brood on what tomorrow may bring. For one thing, tomorrow will be certain to bring worse than today, for many days to come. And there is nothing more that I can do to help it. The board is set, and the pieces are moving. One piece that I greatly desire to find is Faramir, now the heir of Denethor. I do not think that he is in the City; but I have had no time to gather news. I must go, Pippin. I must go to this lords’ council and learn what I can. But the Enemy has the move, and he is about to open his full game. And pawns are likely to see as much of it as any, Peregrin son of Paladin, soldier of Gondor. Sharpen your blade!’

The Return of the King – "Minas Tirith”

Silenciou e suspirou. “Bem, não é preciso remoer o que o amanhã poderá trazer. Por um lado, o amanhã certamente trará coisas piores que hoje, por muitos dias a seguir. E não há nada mais que eu possa fazer para impedir isso. O tabuleiro está posto e as peças se movem. Uma peça que muito desejo encontrar é Faramir, que agora é herdeiro de Denethor. Não creio que esteja na Cidade; mas não tive tempo de reunir notícias. Preciso ir, Pippin. Preciso ir a esse conselho de senhores e descobrir o que puder. Mas o lance é do Inimigo, e ele está prestes a abrir todo o seu jogo. E os peões provavelmente verão tanto dele quanto os outros, Peregrin, filho de Paladin, soldado de Gondor. Afie sua lâmina!”

O Retorno do Rei – “Minas Tirith”

 

 

Pippin looked at him: tall and proud and noble, as all the men that he had yet seen in that land; and with a glitter in his eye as he thought of the battle. ‘Alas! my own hand feels as light as a feather,’ he thought, but he said nothing. ‘A pawn did Gandalf say? Perhaps; but on the wrong chessboard.’

The Return of the King – “Minas Tirith”

Pippin olhou para ele: alto, orgulhoso e nobre, como todos os homens que já vira naquela terra; e com um brilho no olho quando pensava na batalha. “Ai de mim! minha mão parece leve como uma pena”, pensou ele, mas nada disse. “Um peão, Gandalf disse? Quem sabe; mas no tabuleiro de xadrez errado.”

O Retorno do Rei – “Minas Tirith”

 

 

Neither he nor Frodo knew anything of the great slave-worked fields away south in this wide realm, beyond the fumes of the Mountain by the dark sad waters of Lake Núrnen; nor of the great roads that ran away east and south to tributary lands, from which the soldiers of the Tower brought long waggon-trains of goods and booty and fresh slaves. Here in the northward regions were the mines and forges, and the musterings of long-planned war; and here the Dark Power, moving its armies like pieces on the board, was gathering them together. Its first moves, the first feelers of its strength, had been checked upon its western line, southward and northward. For the moment it withdrew them, and brought up new forces, massing them about Cirith Gorgor for an avenging stroke. And if it had also been its purpose to defend the Mountain against all approach, it could scarcely have done more.

The Return of the King – “The Land of Shadow”

Nem ele nem Frodo sabiam nada sobre os grandes campos cultivados por escravos, mais no sul daquele amplo reino, além dos vapores da Montanha, junto às águas escuras e tristes do Lago Núrnen; nem sobre as grandes estradas que corriam rumo ao leste e ao sul para terras tributárias, de onde os soldados da Torre traziam longas fileiras de carroças com bens, pilhagem e escravos novos. Ali, nas regiões do norte, ficavam as minas e forjas e as convocações para a guerra há muito planejada; e ali o Poder Sombrio, movendo seus exércitos como peças no tabuleiro, os reunia. Seus primeiros lances, as primeiras apalpadelas de sua força, haviam sido rechaçados na linha ocidental, no sul e no norte. No momento ele os retirava e trazia forças novas, apinhando-as em torno de Cirith Gorgor para um golpe de vingança. E, se também tivera a intenção de defender a Montanha contra qualquer aproximação, dificilmente poderia ter feito melhor.

O Retorno do Rei – “A Terra da Sombra”


Buscando de um jeito diferente | Searching in a different way

 O mecanismo de busca You.com acaba de ser lançado em fase beta. Ele representa uma proposta alternativa ao onipresente Google, e a outros. Baseia-se em inteligência artificial, e inova na apresentação, que mostra uma matriz bidimensional em vez da lista vertical a que estamos acostumados. As diferentes categorias de informações estão alinhadas em faixas como Web, Imagens, Vídeos, Notícias, Mapas; as faixas estão "empilhadas" verticalmente, e cada uma pode ser percorrida na horizontal. A privacidade também é destacada pelos desenvolvedores.

O modelo de negócio do site ainda não está totalmente claro.


The You.com search engine has just been launched as a beta phase. It constitutes an alternative proposal to the ubiquitous Google and to others. It is based on artificial intelligence and innovates through its presentation, which shows a bidimensional matrix instead of the vertical list we are used to. The various information categories are aligned along strips as Web, Images, Videos, News, Maps; the strips are "stacked" vertically, and each one may be scanned along the horizontal. Privacy is stressed by the developers as well.

The site's business model is not totally clear yet.






2021-11-09

Olhando a Terra | Looking at the Earth

Esta visão um tanto incomum da Terra é baseada na Equal Earth Projection, uma projeção que conserva as relações corretas entre áreas, sem causar (por exemplo) aquela ampliação exagerada da Groenlândia que estamos acostumados a ver na projeção de Mercator - a mais comum, com linhas paralelas de latitude e longitude. Não conserva as formas porque seria impossível mantê-las corretamente ao mesmo tempo que as áreas.

Ela foi gerada no curioso Map Projection Playground; esta representação dá uma boa ideia da vastidão do Oceano Pacífico e mostra a proximidade entre os continentes.


This somewhat uncommon vision of the Earth is based on the Equal Earth Projection, which preserves the correct relations among areas, without causing (for instance) that exaggerated increase of Greenland we are used to see on the Mercator projection - the most common one, with parallel latitude and longitude lines. It does not preserve shapes because it would be impossible to keep them correctly at the same time as the areas.

It was generated on the curious Map Projection Playground; this representation gives a good idea of the vastness of the Pacific Ocean and shows the proximity among the continents.




2021-11-08

História da Matemática | History of Mathematics

 Uma mostra educativa (e interessante até para quem já se aprofundou na matemática) no site do National Museum of Mathematics [Museu Nacional da Matemática] de NY


An educational exhibit (and one interesting even for those who are already deep within mathematics) on the National Museum of Mathematics's site from NY




Um pouco sobre minha pesquisa | A bit about my research

ORCID é a abreviatura de Open Researcher and Contributor ID [Identificação Aberta de Pesquisadores e Contribuidores]. É uma organização global sem fins lucrativos que identifica e conecta pesquisadores, estudiosos e inovadores. Minha identificação é 0000-0003-0169-3753.


ORCID abbreviates Open Researcher and Contributor ID. It is a global, not-for-profit organization that identifies and connects researchers, scholars and innovators. My ID is 0000-0003-0169-3753.








2021-10-25

Os Arcos do Bixiga em São Paulo | The Bixiga Arches in São Paulo

Em junho de 1987 eu soube que uma fileira de casas antigas na R. da Assembléia, em São Paulo, iria ser demolida. Resolvi ir ao bairro do Bixiga para fotografar a demolição “por atacado”, ordenada pela Prefeitura. O surpreendente foi que atrás das casas – cujos fundos davam para a R. Jandaia, que sobe para um nível vários metros acima – revelaram-se arcos de alvenaria que haviam formado, por assim dizer, o muro dos fundos daquelas construções. A descoberta foi surpreendente até mesmo para muitos historiadores da cidade. Soube-se que a obra fora feita entre 1908 e 1913 por artesãos calabreses, para sustentar a ladeira da R. Jandaia.

Os moradores das casas (que se haviam transformado em cortiços) foram deslocados, ao que consta, para moradias populares bem longe do centro. Os arcos hoje estão visíveis, formando um lado de uma alça viária da Av. 23 de Maio. O longo quarteirão que era a R. da Assembléia não existe mais.


 In June 1987 I heard that a row of old houses on Assembléia Street in São Paulo was going to be torn down. I decided to go to the Bixiga neighbourhood to photograph the “wholesale” demolition ordered by City Hall. The surprising thing was that behind the houses – whose backsides abutted on Jandaia Street, which rises to a level several metres above – there came to light masonry arches which had formed, so to speak, the rear wall of those buildings. The discovery was surprising even to many city historians. It became known that the work had been done between 1908 and 1913 by Calabrian craftsmen to support the Jandaia Street slope.

The inhabitants of the houses (which had become tenements) were removed, as it seems, to popular dwellings far away from downtown. Currently the arches are visible, making up one side of a road interchange of 23 de Maio Avenue. The long block that was Assembléia Street no longer exists.


Demolindo... | Tearing down...

... começando por uma extremidade | ... starting from one end

Algumas casas tinham estilo | Some houses were stylish

Algumas semanas mais tarde: os arcos à vista | Some weeks later: the arches in view

No início de 1988 | In early 1988

Hoje os arcos são um ponto de referência do bairro | Today the arches are a neighbourhood landmark

2021-09-30

Os Sete Portões de Gondolin | The Seven Gates of Gondolin

 As descrições de Tolkien são às vezes tão precisas que é possível imaginar com detalhes os objetos que ele está mencionando. Assim é com os Sete Portões de Gondolin, descritos em Contos Inacabados. Ondolindeo Otso Andor é como se chamam em quenya.


Tolkien's descriptions are sometimes so precise that it is possible to imagine with details the objects he is mentioning. Thus it is with the Seven Gates of Gondolin, described in Unfinished Tales. Ondolindeo Otso Andor is how they are called in Quenya.



Assim chegaram finalmente a um amplo arco, com colunas altas de ambos os lados, esculpidas na rocha, e entre elas estava suspenso um grande portão corrediço de barras de madeira cruzadas, maravilhosamente entalhado e guarnecido de pregos de ferro. […]
“Passastes pelo Primeiro Portão, o Portão de Madeira”, disse Elemmakil.

[…] Tuor viu que o caminho estava barrado por um grande muro construído de lado a lado da ravina, com robustas torres de pedra de ambos os flancos. No muro havia um grande arco sobre a estrada, mas parecia que pedreiros o haviam bloqueado com uma única pedra enorme. À medida que se aproximavam, sua superfície escura e polida brilhava à luz de uma lâmpada branca suspensa sobre o meio do arco.
“Aqui está o Segundo Portão, o Portão de Pedra”, disse Elemmakil […]

Logo adiante chegaram a uma muralha ainda mais alta e forte do que a anterior e nela estava instalado o Terceiro Portão, o Portão de Bronze: uma grande porta dupla onde estavam suspensos escudos e placas de bronze, nos quais haviam sido gravados muitas figuras e sinais estranhos. Na muralha acima do seu lintel havia três torres quadradas, com telhados e revestimentos de cobre, que através de algum estratagema da arte de forjar estavam sempre brilhantes e reluziam como fogo aos raios das lâmpadas vermelhas alinhadas como tochas ao longo da muralha.

Assim se aproximaram por fim do Quarto Portão, o Portão de Ferro Forjado. Alta e negra era a muralha, e nenhuma lâmpada a iluminava. Quatro torres de ferro estavam assentadas sobre ela, e entre as duas torres internas estava colocada uma imagem de uma grande águia, trabalhada em ferro, à semelhança do próprio Rei Thorondor, pousado em uma montanha vindo da altura dos ares. Mas quando Tuor estava parado diante do portão pareceu a seus olhos maravilhados que olhava através de ramos e troncos de árvores imperecíveis, para dentro de uma pálida clareira da Lua. Pois vinha uma luz através das filigranas do portão, que eram forjadas e marteladas em forma de árvores com raízes contorcidas e ramos entrelaçados carregados de folhas e flores. E ao atravessar viu como isso podia acontecer; pois a muralha era de grande espessura, e não havia uma grade e sim três alinhadas, dispostas de forma que, para quem se aproximasse no meio do caminho, cada uma formasse parte do desenho, mas a luz além era a luz do dia.

Tuor […] foi conduzido ao Portão de Prata.
O muro do Quinto Portão era construído de mármore branco, e era baixo e largo, e seu parapeito era uma treliça de prata entre cinco grandes globos de mármore; e lá estavam parados muitos arqueiros de vestes brancas. O portão tinha a forma de três quartos de círculo e era trabalhado de prata e pérolas de Nevrast à semelhança da Lua; mas acima do Portão, sobre o globo central, havia uma imagem da Árvore Branca Telperion, trabalhada de prata e malaquita, com flores feitas de grandes pérolas de Balar.

Assim chegaram ao Portão Dourado, o último dos antigos portões de Turgon que foram feitos antes das Nirnaeth; e era muito semelhante ao Portão de Prata, exceto que o muro era construído de mármore amarelo e os globos e o parapeito eram de ouro vermelho; e havia seis globos e no meio, sobre uma pirâmide dourada, estava posta uma imagem de Laurelin, a Árvore do Sol, com flores trabalhadas em topázio, em longos cachos em correntes de ouro. E o próprio Portão era adornado com discos de ouro, de muitos raios, à semelhança do Sol, colocados entre desenhos de granadas e topázios e diamantes amarelos.

[…] era um caminho curto até o Sétimo Portão, chamado o Grande, o Portão de Aço que Maeglin construiu após o retorno das Nirnaeth, atravessado na ampla entrada da Orfalch Echor.
Não havia muro lá, mas dos dois lados havia torres redondas de grande altura, com muitas janelas, que convergiam em sete andares até um torreão de aço brilhante, e entre as torres erguia-se uma enorme cerca de aço que não enferrujava, mas rebrilhava fria e branca. Sete grandes colunas de aço lá havia, esguias, da altura e diâmetro de árvores jovens e fortes, mas encimadas por pontas acres que subiam aguçadas como agulhas; e entre as colunas havia sete barras transversais de aço, e em cada espaço sete vezes sete hastes de aço verticais, com cabeças como as lâminas largas de lanças. Mas no centro, sobre a coluna do meio, a maior, erguia-se uma enorme imagem do elmo real de Turgon, a Coroa do Reino Oculto, cravejada de diamantes.


Thus they came at length to a wide arch with tall pillars upon either hand, hewn in the rock, and between hung a great portcullis of crossed wooden bars, marvellously carved and studded with nails of iron. [...]
‘You have passed the First Gate, the Gate of Wood,’ said Elemmakil.

[...] Tuor saw that the way was barred by a great wall built across the ravine from side to side, with stout towers of stone at either hand. In the wall was a great archway above the road, but it seemed that masons had blocked it with a single mighty stone. As they drew near its dark and polished face gleamed in the light of a white lamp that hung above the midst of the arch.
‘Here stands the Second Gate, the Gate of Stone,’ said Elemmakil [...]

After a little space they came to a wall yet higher and stronger than before, and in it was set the Third Gate, the Gate of Bronze: a great twofold door hung with shields and plates of bronze, wherein were wrought many figures and strange signs. Upon the wall above its lintel were three square towers, roofed and clad with copper that by some device of smith-craft were ever bright and gleamed as fire in the rays of the red lamps ranged like torches along the wall.

Thus at last they drew near the Fourth Gate, the Gate of Writhen Iron. High and black was the wall, and lit with no lamps. Four towers of iron stood upon it, and between the two inner towers was set an image of a great eagle wrought in iron, even the likeness of King Thorondor himself, as he would alight upon a mountain from the high airs. But as Tuor stood before the gate it seemed to his wonder that he was looking through boughs and stems of imperishable trees into a pale glade of the Moon. For a light came through the traceries of the gate, which were wrought and hammered into the shapes of trees with writhing roots and woven branches laden with leaves and flowers. And as he passed through he saw how this could be; for the wall was of great thickness, and there was not one grill but three in line, so set that to one who approached in the middle of the way each formed part of the device; but the light beyond was the light of day.

Tuor [...] was brought to the Gate of Silver.
The wall of the Fifth Gate was built of white marble, and was low and broad, and its parapet was a trellis of silver between five great globes of marble; and there stood many archers robed in white. The gate was in shape as three parts of a circle, and wrought of silver and pearl of Nevrast in likenesses of the Moon; but above the Gate upon the midmost globe stood an image of the White Tree Telperion, wrought of silver and malachite, with flowers made of great pearls of Balar.

So they came to the Golden Gate, the last of the ancient gates of Turgon that were wrought before the Nirnaeth; and it was much like the Gate of Silver, save that the wall was built of yellow marble, and the globes and parapet were of red gold; and there were six globes, and in the midst upon a golden pyramid was set an image of Laurelin, the Tree of the Sun, with flowers wrought of topaz in long clusters upon chains of gold. And the Gate itself was adorned with discs of gold, many-rayed, in likenesses of the Sun, set amid devices of garnet and topaz and yellow diamonds.

[...] the way was short to the Seventh Gate, named the Great, the Gate of Steel that Maeglin wrought after the return from the Nirnaeth, across the wide entrance to the Orfalch Echor.
No wall stood there, but on either hand were two round towers of great height, many-windowed, tapering in seven storeys to a turret of bright steel, and between the towers there stood a mighty fence of steel that rusted not, but glittered cold and white. Seven great pillars of steel there were, tall with the height and girth of strong young trees, but ending in a bitter spike that rose to the sharpness of a needle; and between the pillars were seven cross-bars of steel, and in each space seven times seven rods of steel upright, with heads like the broad blades of spears. But in the centre, above the midmost pillar and the greatest, was raised a mighty image of the king-helm of Turgon, the Crown of the Hidden Kingdom, set about with diamonds.

Dia Internacional da Tradução | International Translation Day

Desde 2017, as Nações Unidas reconhecem 30 de setembro como Dia Internacional da Tradução. É a festa de S. Jerônimo, padroeiro dos tradutores segundo a Igreja Católica, que verteu a maior parte da Bíblia para o latim. Para mim, que traduzi e co-traduzi diversas obras (de Tolkien e outros autores) para o português, é uma oportunidade para recordar esses trabalhos e meus colegas de ofício.


Since 2017 the United Nations have recognised 30 September as International Translation Day. It is the feast of St Jerome, patron of translators according to the Catholic Church, who converted most of the Bible into Latin. For me, who translated and co-translated several works (by Tolkien and other authors) into Portuguese, it is an opportunity to remember those labours and my colleagues in the craft.


... alguns exemplos de "tradutor": | ... a few examples of "translator":

Gótico | Gothic • Japonês | Japanese [hon’yaku-sha] • Islandês | Icelandic
Armênio | Armenian [t’argmanich’] • Finlandês | Finnish • Coreano | Korean [yeogja]
Irlandês | Irish • Anglo-saxão | Anglo-saxon • Húngaro | Hungarian
Grego | Greek [metafrástis] • Amárico | Amharic [āsiterigwamī] • Hebraico | Hebrew [metargem]
Galês | Welsh • Russo | Russian [perevodchik] • Chinês | Chinese [yì zhě]
Polonês | Polish • Árabe | Arabic [mutarjim] • Tcheco | Czech
Turco | Turkish • Romeno | Romanian • Georgiano | Georgian [mtargmneli]


2021-09-27

A 10ª de Beethoven? | Beethoven's 10th?

 Beethoven escreveu nove sinfonias completas e deixou esboços para uma décima. Agora uma equipe da empresa alemã de telecomunicações Deutsche Telekom está usando inteligência artificial para compor uma "Décima" baseada nessas anotações. Aqui estão as informações básicas do projeto. Este documentário conta mais.


Beethoven wrote nine complete symphonies and left sketches for a tenth. Now a team at the German telecommunications company Deutsche Telekom is using artificial intelligence to compose a "Tenth" based on these notes. Here there is basic information on the project. This documentary tells more.

2021-09-24

O sequestro de Eichmann | Eichmann's kidnapping

O homem que organizou o Holocausto, Adolf Eichmann, escondeu-se na Argentina após a guerra. O filme animado The Driver is Red [O Motorista é Vermelho] conta como ele foi sequestrado por agentes do Mossad (o serviço secreto israelense) para ser julgado em Jerusalém.


The man who organised the Holocaust, Adolf Eichmann, went into hiding in Argentina after the war. The animated movie The Driver is Red tells how he was kidnapped by agents of the Mossad (the Israeli secret service) to be judged in Jerusalem.

2021-09-23

Música com Wolfram Tones | Music with Wolfram Tones

Wolfram Tones deixa você compor música "aleatória", que não é aleatória de verdade porque decorre da aplicação de algoritmos (o FAQ do site explica). Este é um fragmento de jazz que criei usando esse recurso. É interessante brincar com os estilos e as variáveis.


Wolfram Tones lets you compose "random" music, which is not really random because it arises from the application of algorithms (the site's FAQ explains). This is a jazz fragment I created using this resource. It is interesting to play around with the styles and variables.

2021-09-22

Na estrada em Gondor | On the road in Gondor

De que lado da estrada dirigiam os gondorianos? Do direito, não do esquerdo como seria de se esperar de um autor inglês. Neste trecho d'O Senhor dos Anéis, está claro que os veículos mais lentos andam à direita e os mais rápidos os ultrapassam à esquerda:

Mas a maior parte do tráfego saía pela estrada principal, e esta se virava para o sul [...] os carroções se moviam em três filas, uma mais veloz puxada por cavalos; outra mais lenta, grandes carroças com belos abrigos de muitas cores, puxadas por bois; e pela beira oeste da estrada iam muitos carros menores arrastados por homens esforçados. [O Senhor dos Anéis (HarperCollins Brasil, 2019), "Minas Tirith"]


On which side of the road did the Gondorians drive? On the right, not on the left as would be expected from an English author. In this passage from The Lord of the Rings, it is clear that slower vehicles drive on the right and the faster ones pass them on the left:

But most of the traffic went out along the chief highway, and that turned south [...] the wains were moving in three lines, one swifter drawn by horses; another slower, great waggons with fair housings of many colours, drawn by oxen; and along the west rim of the road many smaller carts hauled by trudging men. [The Lord of the Rings, "Minas Tirith"]

xkcd

 Este site, com seus quadrinhos simples, porém às vezes profundos, é obrigatório para matematas.


This site, with its simple yet sometimes profound comics, is a must for mathemaths.

Linguística tolkieniana | Tolkienian linguistics

 Diversos de meus artigos linguísticos tolkienianos foram publicados no site Tolkiendil. Agradeço a Damien Bador, que entrou em contato comigo e se ofereceu para coordenar a publicação.


Several of my Tolkienian linguistic articles are were published on the Tolkiendil site. I thank Damien Bador, who contacted me and offered to co-ordinate publication.

Uma sub-criação coletiva | A collective sub-creation

 Ill Bethisad (que tem seu próprio Wiki) é nosso próprio mundo em uma linha de tempo alternativa construída coletivamente, que parte de alguns pontos de divergência. E a inspiração original foi linguística! Explore o IBWiki, que tem um verbete sobre Tolkien (que lá foi Sir Ronald) e outro sobre O Senhor dos Anéis, com o Poema do Anel em línguas sub-criadas.


Ill Bethisad (which has its own Wiki) is our own world on a collectively-constructed alternative timeline, starting from some points of divergence. And its original inspiration was linguistic! Explore the IBWiki, which has an entry on Tolkien (who was Sir Ronald there) and another one on The Lord of the Rings, with the Ring-verse in sub-created languages.

Leitores de Tolkien | Tolkien's readers

As citações abaixo aplicam-se perfeitamente a todos os tolkiendili - os apreciadores das obras de J.R.R. Tolkien. Em português, ficam respectivamente:
"Algum dia você terá idade bastante para ouvir contos de fadas outra vez."
"Que leitor desejo para mim? O mais ingênuo, que esquece a mim, a si mesmo e ao mundo, e vive somente no livro."


The quotations below apply perfectly to all tolkiendili - those who enjoy the works of J.R.R. Tolkien. The second one runs thus in English:
"Which reader I desire for myself? The most ingenuous, who forgets about me, himself and the world, and lives only in the book."


Some day you will be old enough to hear fairy tales again. (C.S.Lewis)
Welchen Leser ich mir wünsche? Den unbefangensten, der mich, sich und die Welt vergißt und in dem Buche nur lebt. (J.W. von Goethe)

2021-09-14

Uma página original de Tolkien | An original page by Tolkien

 J.R.R. Tolkien fazia extensas revisões em seus textos, que eram datilografados ou manuscritos (a lápis e com canetas de diversas cores). Mesmo depois de publicados, seus textos não haviam necessariamente atingido a forma final. Este exemplo, de Smith of Wootton Major [Ferreiro do Bosque Maior], mostra a complexidade das revisões e dá uma ideia de quão difícil tem sido o trabalho dos editores.


J.R.R. Tolkien revised extensively his texts, which were written on the typewriter or by hand (in pencil and in pens of several colours). Even after they had been published, his texts had not necessarily reached their final form. This example, from Smith of Wootton Major, shows the complexity of revisions and hints at how difficult the editors' work has been.




2021-09-13

Uma foto do Exeter College | A photo of Exeter College

 No final de 1980 estive em Oxford e tirei esta foto, que mostra um estudante passando pelo Front Quadrangle [Pátio Dianteiro] do Exeter College, onde J.R.R. Tolkien se formou. Uma versão em preto e branco dessa imagem foi usada como ilustração de capa de meu livro "Explicando Tolkien", de 2003.

Em anos recentes alguns tolkienistas brasileiros, em visita a Oxford, recriaram a cena colocando-se no lugar do estudante anônimo. Essas fotos têm para mim um valor simbólico, demonstrando que consegui inspirar outros estudiosos a se concentrarem na vida e na obra de Tolkien. Fico feliz com essa homenagem.


In late 1980 I was in Oxford and took this photo showing a student passing the Front Quadrangle at Exeter College, where J.R.R. Tolkien graduated. A black and white version of this image was used as cover illustration of my 2003 book "Explicando Tolkien" [Explaining Tolkien].

In recent years some Brazilian Tolkienists visiting Oxford have recreated the scene putting themselves in the place of the anonymous student. Those photos have symbolic value for me, demonstrating that I have succeeded in inspiring other scholars to concentrate on Tolkien's life and work. I am glad of this homage.

Front Quadrangle from Main Entrance (Porters' Lodge)

1980-09-23   |   51.75367, -1.25617 ≈ 51°45'13"N 1°15'22"W


Antigamente era tudo melhor?

 Em sites de fotos antigas e relatos do século passado, é comum ler comentários como “Antigamente era tudo melhor e mais fácil”, “As pessoas eram educadas e se vestiam bem”, “Que saudade daqueles dias de outrora”. Afirmo que os velhos tempos eram perigosos, desconfortáveis e injustos, em que pesem as lembranças de nossa infância, quase sempre luminosas.


Em fotos da primeira metade do século XX, quase todos os homens usam terno (muitas vezes com colete) e chapéu, em todas as estações do ano. Proporcionalmente, veem-se poucas mulheres nas ruas.

A violência doméstica e os preconceitos de raça e opção sexual eram ainda mais comuns que hoje em dia, mas não eram algo que se mencionasse ou fosse objeto de protesto público; pelo contrário, eram escondidos.

O analfabetismo era majoritário em vastas áreas do país. Os votos de cabresto eram a regra nas regiões menos esclarecidas; os candidatos ricos e poderosos influenciavam as eleições.

A poliomielite e a varíola assolavam a população infantil, sem pouparem os adultos; isso sem falar nas outras doenças.

Era muito comum cozinhar e fritar usando banha e outras gorduras animais. Aliás, as frituras estavam mais em moda que hoje.

A expectativa de vida era bem inferior à atual, e a mortalidade infantil mais alta; muitos dos diagnósticos e tratamentos que hoje são acessíveis a muitos nem haviam sido criados.

Protetor solar nem era um conceito presente na consciência das pessoas, incluindo a classe médica.

Os eletrodomésticos se restringiam a um mínimo técnico; qualquer serviço de casa era penoso e consumia muito tempo.

Os carros daquela “era dourada” não costumavam ter ar condicionado, nem direção hidráulica ou câmbio automático. O cinto de segurança era desconhecido, e viajávamos sem o mínimo de proteção nem contra pequenos impactos no trânsito urbano.

Fumava-se cigarro em toda a parte: no avião e nos restaurantes (ali havia as chamadas “áreas de não-fumantes”, onde estes ficavam restritos e nem um pouco a salvo da fumaça), assim como nos locais de trabalho, nos ônibus...

O acesso a informação e comunicação era bem mais limitado até os últimos anos do século XX: a revolução da internet era inimaginável, e quem quisesse falar ao telefone longe de casa ou do trabalho muitas vezes se sujeitava às filas nos orelhões.

A qualidade e variedade da programação de TV, tanto pelo conteúdo quanto pela técnica, era limitadíssima; os filmes estreavam nos cinemas meses depois do país de origem.

Atualmente qualquer celular é dotado de GPS. Ainda no fim do século passado, o único modo de se orientar na cidade ou na estrada eram os mapas, que precisavam ser atualizados e exigiam um mínimo de habilidade para serem úteis.

A variedade de mercadorias disponíveis aumentou muito nas últimas décadas. Ainda em meados do século XX produtos importados eram raros, e quase não havia alternativas de compra – e portanto opções de qualidade – para a maioria dos artigos.

A automação bancária atingiu níveis que eram impensáveis poucas décadas atrás. Valores altos tinham de ser pagos em dinheiro ou cheque, e todos andavam com a carteira recheada, com o risco e desconforto que isso implica.


Por estas e outras, meus caros, não elogiemos demais os “bons velhos tempos” e sejamos gratos pela vida relativamente fácil e segura de que desfrutamos hoje.

2021-09-10

Ambigramas | Ambigrams

 Ambigramas são textos que podem ser lidos de diferentes pontos de vista, p. ex. girados ou espelhados. Alguns exemplos que criei estão mostrados abaixo.


Ambigrams are texts that can be read from different viewpoints, e. g. rotated or mirrored. Some examples I created are shown below.


Meu nome | My name - 


Minha esposa Eveli | My wife Eveli - 

Meu amigo Paulo Otto | My friend Paulo Otto - 

Meu neto Chris | My grandson Chris - 

Meu avô Richard | My grandfather Richard - 

J. R. R. Tolkien - 

... e este desenho, que não é ambigrama, e sim meu sobrenome escrito usando apenas três formas diferentes para as letras, e disposto em rede periódica | ... and this design, which is not an ambigram, but my surname written using only three different shapes for the letters, and set as a periodic network - 

2021-09-06

Hiero-SdA | Hiero-LotR

 E se O Senhor dos Anéis tivesse sido escrito em hieróglifos egípcios? Esta poderia ser a página de rosto. [Clique para ampliar]


What if The Lord of the Rings had been written in Egyptian hieroglyphs? This could be the title page. [Click to enlarge]



O Poema do Anel em médio inglês | The Ring-verse in Middle English

 Na linguagem e métrica dos Contos de Cantuária de Chaucer (ſ é o "s longo", usado no início e meio das palavras)


In the language and metre of Chaucer's Canterbury Tales (ſ is the "long s", used at the beginning and middle of words)




2021-09-03

Polinemas | Polynemas

 De quantas maneiras n segmentos podem ser conectados por suas extremidades? O conceito de polinema, detalhado aqui, mostra as alternativas topologicamente distintas.

Este problema é um tanto trivial, não tão interessante quanto o dos Polígonos Canônicos.


In how many ways can n edges be connected by their ends? The concept of polynema, detailed here, shows the topologically distinct alternatives.

This problem is somewhat trivial, not as interesting as the one about Canonical Polygons

2021-09-02

Ler Tolkien no Brasil | Reading Tolkien in Brazil

 Este gráfico mostra as obras de J.R.R. Tolkien atualmente disponíveis no Brasil, e algumas ainda inéditas.


This graphic shows the works by J.R.R. Tolkien currently available in Brazil, and some still unpublished.




Polígonos canônicos | Canonical polygons

Polígonos canônicos são aqueles traçados em um retículo quadrado, nos lados ou nas diagonais, sem prolongar nenhum lado na mesma direção, e sem interseções de lados nem vértices duplos. Esta é a definição simples dessas figuras que descobri em 1977. Um estudo mais detalhado pode ser obtido aqui.
Para 3 ... 8 lados, existem 1, 3, 3, 9, 13, 52 polígonos canônicos.
WolframMathWorld menciona os polígonos canônicos.

Canonical polygons are those drawn on a square lattice, on edges or diagonals, without continuing any edge in the same direction, and without intersection of edges or double vertices. This is the simple definition of these figures I discovered in 1977. A more detailed study can be obtained here.
For 3 ... 8 edges, there exist 1, 3, 3, 9, 13, 52 canonical polygons.
WolframMathWorld mentions canonical polygons.