Mostrando postagens com marcador Tolkien. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Tolkien. Mostrar todas as postagens

2024-10-18

Guia de Leitura das Obras de J.R.R. Tolkien

Este guia não pretende impor uma ordem de leitura às obras de JRRT, e sim apresentar as que foram publicadas em língua portuguesa (em Portugal e no Brasil) até outubro de 2024. O infográfico mostra cada livro agrupado com outros de caráter semelhante; as micro-descrições fornecidas servem para guiar o leitor no traçado de seu próprio curso por esse vasto território sub-criado.


Agradeço a colaboração de Inês Anacleto, de Lisboa, no que se refere às obras publicadas em Portugal.


[ Baixar ]




2024-08-12

"Namárië" de J.R.R. Tolkien - Tengwar e Transcrição | "Namárië" by J.R.R. Tolkien - Tengwar and Transcription

 O poema Namárië, recitado por Galadriel em Lórien, é o mais longo trecho em quenya (alto-élfico) em O Senhor dos Anéis de J.R.R. Tolkien. Minha transcrição pode servir de paradigma para escrever esse idioma usando tengwar.


The poem Namárië, recited by Galadriel in Lórien, is the longest passage in Quenya (High-Elvish) in The Lord of the Rings by J.R.R. Tolkien. My transcription (paper in Portuguese) may serve as a paradigm for writing that language using tengwar.








2023-08-03

As runas anglo-saxãs segundo Tolkien (1943) | The Anglo-Saxon runes according to Tolkien (1943)

 Em 3 de agosto de 1943 J.R.R. Tolkien escreveu a duas jovens fãs d'O Hobbit (Leila Keane e Pat Kirke) que lhe haviam perguntado sobre as runas que aparecem naquele livro. Além de textos no idioma anglo-saxão - escrito em letras tradicionais e modernas - e em tengwar, ele lhes mandou uma tabela dando o valor e o significado de cada runa. Esta tabela está transcrita aqui - e publicada em meu blog exatamente 80 anos depois que foi enviada.


On 3 August 1943 J.R.R. Tolkien wrote to two young fans of The Hobbit (Leila Keane and Pat Kirke) who had asked him about the runes that appear in that book. In addition to texts in the Anglo-Saxon language - written in traditional and modern letters - and in tengwar, he sent them a table giving the value and meaning of each rune. This table is transcribed here - and published on my blog exactly 80 years after having been sent.





2023-07-14

Um mapa para ler Tolkien | A Tolkien reading chart

Apresento um Mapa para Ler Tolkien. Ele não pretende impor uma ordem de leitura às obras de JRRT, e sim servir como um diagrama que mostra cada livro agrupado com outros de caráter semelhante. As micro-descrições fornecidas servem para guiar o leitor no traçado de seu próprio curso por esse vasto território sub-criado.
O mapa apresenta as obras publicadas em língua inglesa até julho de 2023.

I present A Tolkien Reading Chart. It is not meant to impose a reading order on JRRT's works, but rather to serve as a map showing each book grouped with others of similar character. The micro-descriptions provided are intended to guide the reader in plotting his or her own course through this vast sub-created territory.








2023-07-05

Songs for the Philologists - Nova edição | New edition

Songs for the Philologists [Canções para os Filólogos] é um livreto contendo poemas folclóricos e outros originais de autoria de J.R.R. Tolkien e E.V. Gordon. Foi publicado em caráter privado em 1936 e jamais foi reeditado, o que o torna extremamente raro - o mais raro de todos os livros de Tolkien. Os poemas são em inglês moderno e antigo (anglo-saxão), em antigo nórdico, latim e gótico.

Fiz uma transcrição e edição dessa obra, cuja versão mais recente pode ser baixada aqui.

👉 Atualização de 2023-07-11: Nova versão disponível, incluindo os versos que faltavam no poema "Ofer Wídne Gársecg"


Songs for the Philologists is a booklet containing folk poetry and originals written by J.R.R. Tolkien and E.V. Gordon. It was published privately in 1936 and was never reissued, which makes it extremely rare - the rarest among all books by Tolkien. The poems are in Modern and Old English (Anglo-Saxon), in Old Norse, Latin and Gothic.

I made a transcription and edition of this work, whose most recent version may be downloaded here.

👉 Update on 2023-07-11: New version available, including the lines that were missing in the poem "Ofer Wídne Gársecg"






2023-06-02

Ler Tolkien no Brasil | Reading Tolkien in Brazil [2+]

 Esta é uma atualização da postagem anterior de setembro de 2021. O mapa de leitura mostra todas as obras de J.R.R. Tolkien já publicadas no Brasil, e mais alguns importantes livros biográficos de outros autores.

Ele pretende proporcionar ao leitor um guia atualizado que o oriente em sua ordem de leitura, trilhando seu caminho pelos temas que mais o interessam.

Algumas obras ainda estão inéditas, mas há boas chances de serem publicadas em um futuro próximo.

✅ [ Atualizado em 2023-07-14 com a versão 10.5 - O Legendário [em inglês Legendarium] é a totalidade das obras de J.R.R. Tolkien que tratam de seu mundo imaginário e sub-criado de Arda, mesmo incluindo versões contraditórias em estádios anteriores e posteriores de sua concepção. ]


This is an update of the previous post from September 2021. The reading map shows all works by J.R.R. Tolkien already published in Brazil, in addition to some important biographical books by other authors.

It is meant to make an up-to-date guide available to the reader, so as to orient him in his reading order, making his way along the themes that most interest him.

Some works are still unpublished, but with good chances of appearing in the near future.

✅ [ Updated on 2023-07-14 with version 10.5 - The Legendarium is the entirety of J.R.R. Tolkien's works that concern his imaginary and subcreated world of Arda, even including contradictory versions in earlier and later stages of its conception. ]












2023-05-25

As curiosas ilustrações do "Hobbit" de Ferguson Dewar

Os textos do Senhor dos Anéis e do Hobbit sempre foram zelosamente resguardados de adaptações, tanto em vida do autor quanto depois de sua morte. O próprio J.R.R. Tolkien, e postumamente seu filho Christopher, se encarregaram disso. Assim, não é comum encontrar-se uma adaptação de obra do Legendário tolkieniano feita para uma revista. Uma delas foi feita para a o periódico Princess and Girl, da Fleetway Publications, destinado a meninas adolescentes. O conto do Hobbit foi subdividido em quinze episódios semanais e publicado entre 10 de outubro de 1964 e 16 de janeiro de 1965. O texto foi bastante reduzido pela eliminação de vários trechos. Cada episódio ocupava duas páginas.

As 83 ilustrações para essa adaptação – extremamente originais e às vezes não muito fiéis ao texto – foram realizadas por Ferguson Dewar, especialmente para a série. Foi a primeira vez que uma versão em língua inglesa do Hobbit foi ilustrada por alguém que não fosse o autor.

“Ferguson Dewar” era o pseudônimo de Edwin Peter Dewar, nascido em Edinburgh em 1925. Ele serviu na 2ª Guerra Mundial como membro da Marinha Real, em comboios que acompanhavam naves russas. Foi gravemente ferido em 1945, recebeu baixa como inválido e passou a frequentar a Bradford School of Art, especializando-se em ilustrações e charges. Nas décadas de 1950 e 1960 trabalhou em anúncios de filmes, arte de embalagens e materiais publicitários; também produziu tiras de quadrinhos para diferentes séries na imprensa. Como colaborador da editora Fleetway, foi escolhido para ilustrar a serialização do Hobbit.

Tolkien pôde ver a adaptação e, apesar de a ter autorizado, não se entusiasmou com o resultado. Em uma carta a Joy Hill, funcionária da George Allen & Unwin, editora de suas obras, e que mais tarde se tornou sua secretária, JRRT assim se expressou:

14 de agosto de 1964

Cara Srta. Hill,

Concordo com a serialização de O Hobbit na “Princess”, como foi descrita em sua carta de 13 de agosto, e nas condições propostas. Provavelmente uma crítica dos desenhos não seja útil neste caso, apesar de eu mesmo desejar, pelo menos, que Gandalf fosse menos irrequieto e exagerado nos trajes, e tivesse alguma dignidade. Ele não deveria ser chamado de “mágico”, e sim de “mago”. Creio que se deva chamar a atenção, tanto do Sr. Roberts quanto do artista, para o fato de que em meu texto a forma anãos é usada em toda a parte, mas que isso é somente uma aberração pessoal minha, e para esse fim creio que a forma correta anões possa ser substituída no texto. Chegou à minha atenção o caso de um infeliz professor que corrigiu uma criança por ela usar anãos, mas foi frustrado pela produção de meu livro. Sou totalmente a favor de que seja ensinada a ortografia, e não desejo que a autoridade de um mestre sofra danos por causa das peculiaridades de um professor universitário!

 

As ilustrações de Ferguson Dewar são no mínimo curiosas. Gandalf (que, lembramos, não é um “mágico”) tem sobrancelhas que ultrapassam a aba do chapéu, um detalhe que muitos ilustradores deixaram de respeitar em seus desenhos. Também estão presentes o longo manto cinzento e as botas pretas, o que nos faz pensar o que Tolkien quereria dizer quando o considerou “exagerado nos trajes”. E o que dizer de Bilbo? Seus pés são peludos, sim; e a cabeleira é de fato espessa e crespa, como as que Tolkien atribui aos hobbits no Prólogo do Senhor dos Anéis. O cachimbo, esse parece um tanto exagerado.


Os instrumentos dos anãos na festa inesperada são reproduzidos com exatidão: a harpa de Thorin, as clarinetas de Bifur e Bofur, as flautas de Dori e Ori, o tambor de Bombur. Dwalin e Balin têm violas, e Kili e Fili tocam rabecas. O livro não menciona os instrumentos de Oin e Gloin, mas aqui aparecem como sendo da família dos violinos.


 Alguns personagens perderam seu impacto nos desenhos de Ferguson Dewar. O narigudo Gollum não é muito assustador (exceto talvez pelos pés de sapo), enquanto o Grande Gobelim tem um aspecto quase burguês. Os três Trols parecem mais bonachões do que cruéis. Também ao rei dos elfos falta uma certa dignidade: ele está encolhido em seu trono e tem uma expressão quase tímida.





A casa de Beorn e a Trilha da Montanha devem muito aos desenhos do próprio Tolkien. Também a Cidade-do-lago e seus barcos élficos provêm da ilustração do autor. O dragão Smaug foi claramente inspirado no Jabberwock (“Jaguadarte”, na tradução de Augusto de Campos) que aparece em um poema de Alice Através do Espelho e o Que Encontrou Lá de Lewis Carroll, especialmente na imagem em que se defronta com um Bard saído dos quadrinhos do Príncipe Valente de Hal Foster. Também o Mapa de Thror, apesar de redesenhado por Dewar, mal se distingue do original.




Jabberwock (John Tenniel)

Após quase seis décadas, é interessante ver em que medida o texto de Tolkien estimulou a imaginação do ilustrador que, apesar de ter acompanhado o autor em alguns desenhos, em outros produziu interpretações muito pessoais e peculiares.

2023-03-30

No blog de Scull e Hammond | On the blog of Scull and Hammond

Já faz quase dois anos, mas me lembrei da honrosa menção do grupo Tolkien Talk - e minha - no blog Too Many Books and Never Enough de Christina Scull e Wayne Hammond, o mais famoso e mais produtivo casal na área da pesquisa tolkieniana. A entrevista a que eles se referem pode ser encontrada aqui.


It has been almost two years, but I remembered the honourable mention of the Tolkien Talk group - and myself - on the blog Too Many Books and Never Enough by Christina Scull and Wayne Hammond, the most famous and most productive couple in Tolkienian research. The interview they refer to may be found here.




2022-11-24

Um ambigrama tolkienista | A Tolkienist ambigram

 Ambigramas são textos que podem ser lidos de diferentes modos: girados, refletidos etc. Finalmente consegui fazer um bom ambigrama rotacional com JRRT, as iniciais de Tolkien.


Ambigrams are texts that can be read in different ways: rotated, reflected etc. I finally managed to make a good rotational ambigram from JRRT, Tolkien's initials.




2022-09-29

Narnia!

 As aventuras não param!

Depois de ter vertido uma dúzia de livros de J.R.R. Tolkien, resolvi agora aceitar um novo desafio. Vou traduzir As Crônicas de Nárnia de C.S. Lewis, o grande amigo de JRRT. São sete obras, publicadas originalmente entre 1950 e 1956, que já venderam mais de 100 milhões de exemplares em dezenas de idiomas.

A HarperCollins Brasil me deu a oportunidade de me aprofundar em mais este mundo de fantasia, cuja nova versão espero trazer logo - e pouco a pouco - aos leitores brasileiros.


Adventures do not cease!

Having translated a dozen books by J.R.R. Tolkien, I now decided to accept a new challenge. I am going to translate The Chronicles of Narnia by JRRT's great friend C.S. Lewis. These are seven works, originally published between 1950 and 1956, which have already sold more than 100 million copies in tens of languages.

HarperCollins Brasil has given me the chance of going deeper into this other fantasy world, whose new version I expect to bring soon - and little by little - to Brazilian readers.



2022-06-17

A Queixa do Anano Mîm

Mîm foi um dos últimos ananos-miúdos (Noegyth Nibin). No ano 486 da Primeira Era, foi aprisionado pelos homens do bando de Túrin Turambar. Salvou a vida levando-os à sua morada nas cavernas de Amon Rûdh. Juntamente com seu filho Ibun, ficou por um ano com os proscritos. No inverno de 487, salvou-se de um ataque de orques revelando a estes a localização de Bar-en-Danwedh, que os homens haviam estabelecido em Amon Rûdh. Na batalha que se seguiu, Túrin – que àquela altura se tornara amigo de Mîm – foi aprisionado e levado vivo a Angband. Em 501, depois que Nargothrond foi abandonada por Glaurung, Mîm ali se estabeleceu, e ali foi morto por Húrin em 502, em vingança pela traição contra Túrin.

Acerca da entrada de Mîm nos Grandes Contos, vide o capítulo “Sobre Mîm, o Anano” em Os Filhos de Húrin (ed. HarperCollins Brasil, 2020).

Descrevendo o estado de espírito do anano-miúdo em relação aos humanos, Tolkien compôs o poema The Complaint of Mîm the Dwarf [A Queixa do Anano Mîm], cujo paradeiro se desconhece. Porém a editora Klett-Cotta, responsável pela publicação dos livros de Tolkien na Alemanha, publicou 35 anos atrás a obra Das erste Jahrzehnt 1977-1987: Ein Almanach [O Primeiro Decênio 1977-1987: Um Almanaque], contendo uma tradução para o alemão do poema e de um subsequente trecho em prosa – Mîms Klage [A Queixa de Mîm]. O tradutor foi Hans J. Schütz; o livro foi distribuído apenas a livreiros e amigos da editora.

O texto que se segue é uma retradução a partir do alemão. Assim sendo, deve ser lido apenas como uma paráfrase, da qual se pode depreender o sentido do original inglês, mas não seus detalhes vocabulares, estilísticos e semânticos. Servirá no máximo – enquanto o original não surgir e for publicado – como um guia daquilo que J.R.R. Tolkien quis nos contar sobre tão singular personagem.

-   -   -   -   -

 

Sob uma montanha, em terra agreste,

havia funda caverna repleta de areia.

Ao anoitecer estava Mîm diante de sua morada:

seu dorso era curvado e sua barba grisalha;

caminhara por longas sendas, inóspitas e frias,

o pequeno anano Mîm, com duzentos anos de idade.

Tudo o que criara, a obra de suas mãos,

com buril e formão, em labor infindo,

inimigos lhe roubaram; e só sua vida e alguns objetos

do ofício lhe restaram, e longa lâmina

na bainha sob o manto esfarrapado, e era envenenada.

Piscava os olhos turvos, inda vermelhos pela fumaça;

pois, entulhando-os com espinhos e urze, ainda tinham

cruelmente incendiado seus corredores,

e assim saiu ele, sufocado e quase a vomitar.

Mîm cuspiu na areia e então começou a falar:

 

Tim-tim-tim, tim-tom, tom-tom, tim!

Sem tempo para comer, sem tempo para beber, tom, tim!

Tim-tom, sem tempo, tom-tim, sem tempo para demorar!

Sem tempo para dormir! Sem noite e sem dia, somente pressa!

Só prata e ouro, martelados e dobrados na forma,

e pedrinhas duras, reluzentes e frias.

Tim-tim, verdes e amarelas, tim-tim, azuis e brancas:

Sob minhas mãos brotaram e cresceram devagar

longas folhas e flores, e olhos rubros brilharam

em animais e aves entre os ramos e flores.

Todas as coisas que meus olhos haviam visto quando ainda eram límpidos, quando eu ainda era jovem e o mundo era amigável. Como me rebaixei para as tornar mais duradouras que a lembrança! E elas me brotavam do coração e se curvavam sob minhas mãos, dobravam-se e se juntavam em formas singulares e belas – sempre crescendo e mudando, e no entanto sempre enraizadas na memória do mundo e em meu amor por ele. Então, certo dia, detive-me por um instante e ergui a cabeça, e minhas  mãos repousaram na bancada de pedra. Contemplei minha obra. Pois ela crescera de Mîm, porém não era mais Mîm, e ele se admirou dela. Jóias divisei, brilhando à luz de meu pequeno fogo de forja, e agora elas jaziam em minha  mão morena, que era velha, mas ainda delicada e hábil. E pensei: Mîm foi muito sábio. Mîm trabalhou com muito afinco. Mîm tinha em si um fogo mais quente que a forja. Mas Mîm o deixara fluir quase todo para dentro daquelas coisas. Elas são parte de Mîm, pois sem elas não sobraria muito dele.

Assim, pois, imaginei um modo conveniente de guardá-las, como objetos em um depósito, para que a memória sábia as reencontrasse. Pois jaziam em toda a parte, no solo ou empilhados nos cantos, e muitos pendiam de pinos nas paredes – como as páginas de um velho livro com histórias dos ananos, carcomido pelos tempos e devastado pelos ventos.

Clac-clic-zás! Crás-tap, tam-tam-tap! Tac-tac! Que venham madeira e ossos! Sem perda de tempo. Começar a obra. Pensar, serrar, entalhar, burilar, limar, pregar. Sem tempo de descansar. Assim fiz minha grande arca, provida de compartimentos e gavetas secretas. Dragões vigias fitavam da tampa, enrodilhados e se erguendo pelas afiadas garras. As dobradiças estavam postas entre seus dentes afiados. Velhos ananos com machados estavam de pé junto à poderosa fechadura. Clac-clac, tac-tac! Martelo e pregos, tim-tom, a chave foi forjada e amarrada com magia. Eia! fechou-se a grande tampa e também meus olhos exaustos. Por muito tempo dormi, de cabeça deitada sobre minha arca do tesouro, meu repositório de lembrança e anos esvoaçados.

Dormi por muito tempo? Não sei quanto tempo se passou. O fogo da forja se apagara, mas uma fumaça sufocante me fez sobressaltar. Vieram homens e roubaram tudo o que eu possuía: o minério que há muito tempo eu extraíra das rochas, os montículos de pedras preciosas; e carregaram consigo minha arca. Expulsaram-me com fumaça como a um rato, e com zombeteira compaixão me deixaram correr como um animal selvagem, através de espinheiros e urze em chamas ao redor de meu lar profundo. Riram quando pisei nas cinzas quentes, e o vento carregou para longe minhas imprecações. Meus olhos vermelhos não reconheceram a senda; e só o que pude salvar foi um saco com pequenas ferramentas e, por baixo de um manto velho e esfarrapado, minha faca oculta em sua bainha negra, com runas de veneno na lâmina. Muitas vezes a afiei, cuspindo na lâmina até ela reluzir sob as cruéis estrelas em lugares ermos.

Assim privaram Mîm de todas as suas lembranças e de todos os alegres saltos e ímpetos do espírito, para fazerem gemas para os punhos de suas espadas, anéis para dedos ávidos, e luas e estrelas e adornos sem arte para os peitos de mulheres altivas. Permutaram-nas por pequenos reinos e amizades traiçoeiras; cobiçaram-nas; assassinaram por elas e obscureceram o ouro com o sangue dos parentes. Há um fogo nas lembranças dos velhos ananos, e emana uma força de suas mãos delgadas, que impele os homens à loucura, mesmo que não se deem conta disso.

Mas agora estou velho e amargo, e em meu refúgio nas montanhas selvagens devo reiniciar o trabalho, tentar capturar a reverberação de minhas lembranças antes que elas se desfaçam por completo. Ai, meu trabalho inda é bom; mas está cercado de feitiço. Falta-lhe o frescor, um véu se estende entre mim e as coisas que vejo e crio, como se as formas e as luzes se desfizessem em uma névoa de lágrimas. O que criei outrora eu vejo de relance, mas não aquilo que vi certa vez. Dizem que sou perigoso, repleto de ódio e insidioso, o velho Mîm, o pequeno anano. Se me agarram eu mordo com dentes negros ou esfaqueio no escuro, e nada pode curar a ferida de minha faca. Não se atrevem a se aproximar de mim; mas de longe disparam flechas em minha direção quando me atrevo a sair para contemplar o sol. Outrora não era assim, e não é bom que seja assim agora. O percurso do mundo se torna torto e duvidoso. O engano circula, seres surgem arrastando-se de lugares escuros, e sob meus dedos cresce o temor e não o encanto. Pudesse eu perdoar, talvez ainda conseguisse moldar uma folha, uma flor coberta de orvalho, como ele brilhava outrora junto a Tarn Aeluin, quando eu era jovem e sentia pela primeira vez como eram hábeis os meus dedos. Mas Mîm não pode perdoar. Ainda arde a brasa em seu coração. Tim-tom, tom-tim! Sem tempo para pensar!

 

2022-03-11

Os primeiros 60 anos de Tolkien em português | The first 60 years of Tolkien in Portuguese

Nos últimos 60 anos, duas dezenas de tradutores se dispuseram à difícil tarefa de traduzir para o português prosa e poesia de J.R.R. Tolkien. O resultado foram cinquenta edições publicadas de ambos os lados do Atlântico. Em alguns casos – como os tomos que compõem a obra mais conhecida, O Senhor dos Anéis – o leitor pode professar sua preferência por até cinco versões diferentes. Cada uma, compreende-se, reflete as escolhas do tradutor e da época em que veio a público. No entanto, o crescente interesse pelo autor, impulsionado entre outros fatores pelos estudos acadêmicos – sem esquecer as adaptações cinematográficas – vem demandando do ofício do tradutor um apuro cada vez maior. Em seis décadas, desde a versão do Hobbit errônea e comicamente intitulada O Gnomo até a complexíssima edição póstuma da Natureza da Terra-média, realizada por uma equipe de tradutores, essa sequência de livros publicados em Portugal e no Brasil mostra como vêm evoluindo os estudos tolkienianos e a apreciação do autor.

Meu catálogo de todas essas edições, realizado com a colaboração de Inês Anacleto em Portugal, pode ser acessado por este link ou pelo site Tolkien Talk.


In the last 60 years, some twenty translators have tackled the difficult task of translating J.R.R. Tolkien's prose and poetry into Portuguese. The result were fifty editions published on both sides of the Atlantic. In some cases – like the tomes that comprise the best-known work, The Lord of the Rings – the reader may indulge in his preference for up to five different versions. Each one, let it be understood, reflects the translator's choices and those of the times in which it was published. Nevertheless, growing interest for the author, driven among other factors by academic studies – not forgetting the movie adaptations – has been demanding a growing care from the translator's handicraft. In six decades, from the Hobbit version wrongly and comically titled O Gnomo to the very complex posthumous edition of The Nature of Middle-earth, brought about by a team of translators, this sequence of books published in Portugal and Brazil shows how Tolkienian studies and the author's appreciation have been evolving.

My catalogue of all these editions, produced with the collaboration of Inês Anacleto in Portugal, may be accessed on this link or on the Tolkien Talk site (in Portuguese).


 

2022-01-31

Meu trabalho com Tolkien | My work with Tolkien

 Ao longo dos anos venho traduzindo livros de J.R.R. Tolkien, e outros que falam sobre sua vida e obra, e até livros de jogos ambientados em seu mundo secundário sub-criado. Em 2003 também publiquei minha própria obra sobre O Professor - Explicando Tolkien, já um tanto desatualizada.

Todo esse trabalho está resumido nos infográficos abaixo, um sobre obras do próprio JRRT e outro sobre a literatura derivada.

* Edição de 2022-02: Incluí minha tradução Tolkien e a Grande Guerra. *


Along the years I have been translating books by J.R.R. Tolkien, and others that speak of his life and work, and even game books set in his sub-created secondary world. In 2003 I also published my own work about The Professor - Explicando Tolkien [Explaining Tolkien], already somewhat outdated.

All this work is summarized in the infographics below, one about works by JRRT himself and the other about the derived literature.

* Edit 2022-02: I have included my translation of Tolkien and the Great War. *


[ clique para ampliar | click to enlarge ]













2021-11-11

Referências ao xadrez n’“O Senhor dos Anéis” | Chess references in “The Lord of the Rings”

[Versão em português por Ronald Kyrmse: HarperCollins Brasil - 2019] 


He fell silent and sighed. ‘Well, no need to brood on what tomorrow may bring. For one thing, tomorrow will be certain to bring worse than today, for many days to come. And there is nothing more that I can do to help it. The board is set, and the pieces are moving. One piece that I greatly desire to find is Faramir, now the heir of Denethor. I do not think that he is in the City; but I have had no time to gather news. I must go, Pippin. I must go to this lords’ council and learn what I can. But the Enemy has the move, and he is about to open his full game. And pawns are likely to see as much of it as any, Peregrin son of Paladin, soldier of Gondor. Sharpen your blade!’

The Return of the King – "Minas Tirith”

Silenciou e suspirou. “Bem, não é preciso remoer o que o amanhã poderá trazer. Por um lado, o amanhã certamente trará coisas piores que hoje, por muitos dias a seguir. E não há nada mais que eu possa fazer para impedir isso. O tabuleiro está posto e as peças se movem. Uma peça que muito desejo encontrar é Faramir, que agora é herdeiro de Denethor. Não creio que esteja na Cidade; mas não tive tempo de reunir notícias. Preciso ir, Pippin. Preciso ir a esse conselho de senhores e descobrir o que puder. Mas o lance é do Inimigo, e ele está prestes a abrir todo o seu jogo. E os peões provavelmente verão tanto dele quanto os outros, Peregrin, filho de Paladin, soldado de Gondor. Afie sua lâmina!”

O Retorno do Rei – “Minas Tirith”

 

 

Pippin looked at him: tall and proud and noble, as all the men that he had yet seen in that land; and with a glitter in his eye as he thought of the battle. ‘Alas! my own hand feels as light as a feather,’ he thought, but he said nothing. ‘A pawn did Gandalf say? Perhaps; but on the wrong chessboard.’

The Return of the King – “Minas Tirith”

Pippin olhou para ele: alto, orgulhoso e nobre, como todos os homens que já vira naquela terra; e com um brilho no olho quando pensava na batalha. “Ai de mim! minha mão parece leve como uma pena”, pensou ele, mas nada disse. “Um peão, Gandalf disse? Quem sabe; mas no tabuleiro de xadrez errado.”

O Retorno do Rei – “Minas Tirith”

 

 

Neither he nor Frodo knew anything of the great slave-worked fields away south in this wide realm, beyond the fumes of the Mountain by the dark sad waters of Lake Núrnen; nor of the great roads that ran away east and south to tributary lands, from which the soldiers of the Tower brought long waggon-trains of goods and booty and fresh slaves. Here in the northward regions were the mines and forges, and the musterings of long-planned war; and here the Dark Power, moving its armies like pieces on the board, was gathering them together. Its first moves, the first feelers of its strength, had been checked upon its western line, southward and northward. For the moment it withdrew them, and brought up new forces, massing them about Cirith Gorgor for an avenging stroke. And if it had also been its purpose to defend the Mountain against all approach, it could scarcely have done more.

The Return of the King – “The Land of Shadow”

Nem ele nem Frodo sabiam nada sobre os grandes campos cultivados por escravos, mais no sul daquele amplo reino, além dos vapores da Montanha, junto às águas escuras e tristes do Lago Núrnen; nem sobre as grandes estradas que corriam rumo ao leste e ao sul para terras tributárias, de onde os soldados da Torre traziam longas fileiras de carroças com bens, pilhagem e escravos novos. Ali, nas regiões do norte, ficavam as minas e forjas e as convocações para a guerra há muito planejada; e ali o Poder Sombrio, movendo seus exércitos como peças no tabuleiro, os reunia. Seus primeiros lances, as primeiras apalpadelas de sua força, haviam sido rechaçados na linha ocidental, no sul e no norte. No momento ele os retirava e trazia forças novas, apinhando-as em torno de Cirith Gorgor para um golpe de vingança. E, se também tivera a intenção de defender a Montanha contra qualquer aproximação, dificilmente poderia ter feito melhor.

O Retorno do Rei – “A Terra da Sombra”


2021-11-08

Um pouco sobre minha pesquisa | A bit about my research

ORCID é a abreviatura de Open Researcher and Contributor ID [Identificação Aberta de Pesquisadores e Contribuidores]. É uma organização global sem fins lucrativos que identifica e conecta pesquisadores, estudiosos e inovadores. Minha identificação é 0000-0003-0169-3753.


ORCID abbreviates Open Researcher and Contributor ID. It is a global, not-for-profit organization that identifies and connects researchers, scholars and innovators. My ID is 0000-0003-0169-3753.








2021-09-30

Os Sete Portões de Gondolin | The Seven Gates of Gondolin

 As descrições de Tolkien são às vezes tão precisas que é possível imaginar com detalhes os objetos que ele está mencionando. Assim é com os Sete Portões de Gondolin, descritos em Contos Inacabados. Ondolindeo Otso Andor é como se chamam em quenya.


Tolkien's descriptions are sometimes so precise that it is possible to imagine with details the objects he is mentioning. Thus it is with the Seven Gates of Gondolin, described in Unfinished Tales. Ondolindeo Otso Andor is how they are called in Quenya.



Assim chegaram finalmente a um amplo arco, com colunas altas de ambos os lados, esculpidas na rocha, e entre elas estava suspenso um grande portão corrediço de barras de madeira cruzadas, maravilhosamente entalhado e guarnecido de pregos de ferro. […]
“Passastes pelo Primeiro Portão, o Portão de Madeira”, disse Elemmakil.

[…] Tuor viu que o caminho estava barrado por um grande muro construído de lado a lado da ravina, com robustas torres de pedra de ambos os flancos. No muro havia um grande arco sobre a estrada, mas parecia que pedreiros o haviam bloqueado com uma única pedra enorme. À medida que se aproximavam, sua superfície escura e polida brilhava à luz de uma lâmpada branca suspensa sobre o meio do arco.
“Aqui está o Segundo Portão, o Portão de Pedra”, disse Elemmakil […]

Logo adiante chegaram a uma muralha ainda mais alta e forte do que a anterior e nela estava instalado o Terceiro Portão, o Portão de Bronze: uma grande porta dupla onde estavam suspensos escudos e placas de bronze, nos quais haviam sido gravados muitas figuras e sinais estranhos. Na muralha acima do seu lintel havia três torres quadradas, com telhados e revestimentos de cobre, que através de algum estratagema da arte de forjar estavam sempre brilhantes e reluziam como fogo aos raios das lâmpadas vermelhas alinhadas como tochas ao longo da muralha.

Assim se aproximaram por fim do Quarto Portão, o Portão de Ferro Forjado. Alta e negra era a muralha, e nenhuma lâmpada a iluminava. Quatro torres de ferro estavam assentadas sobre ela, e entre as duas torres internas estava colocada uma imagem de uma grande águia, trabalhada em ferro, à semelhança do próprio Rei Thorondor, pousado em uma montanha vindo da altura dos ares. Mas quando Tuor estava parado diante do portão pareceu a seus olhos maravilhados que olhava através de ramos e troncos de árvores imperecíveis, para dentro de uma pálida clareira da Lua. Pois vinha uma luz através das filigranas do portão, que eram forjadas e marteladas em forma de árvores com raízes contorcidas e ramos entrelaçados carregados de folhas e flores. E ao atravessar viu como isso podia acontecer; pois a muralha era de grande espessura, e não havia uma grade e sim três alinhadas, dispostas de forma que, para quem se aproximasse no meio do caminho, cada uma formasse parte do desenho, mas a luz além era a luz do dia.

Tuor […] foi conduzido ao Portão de Prata.
O muro do Quinto Portão era construído de mármore branco, e era baixo e largo, e seu parapeito era uma treliça de prata entre cinco grandes globos de mármore; e lá estavam parados muitos arqueiros de vestes brancas. O portão tinha a forma de três quartos de círculo e era trabalhado de prata e pérolas de Nevrast à semelhança da Lua; mas acima do Portão, sobre o globo central, havia uma imagem da Árvore Branca Telperion, trabalhada de prata e malaquita, com flores feitas de grandes pérolas de Balar.

Assim chegaram ao Portão Dourado, o último dos antigos portões de Turgon que foram feitos antes das Nirnaeth; e era muito semelhante ao Portão de Prata, exceto que o muro era construído de mármore amarelo e os globos e o parapeito eram de ouro vermelho; e havia seis globos e no meio, sobre uma pirâmide dourada, estava posta uma imagem de Laurelin, a Árvore do Sol, com flores trabalhadas em topázio, em longos cachos em correntes de ouro. E o próprio Portão era adornado com discos de ouro, de muitos raios, à semelhança do Sol, colocados entre desenhos de granadas e topázios e diamantes amarelos.

[…] era um caminho curto até o Sétimo Portão, chamado o Grande, o Portão de Aço que Maeglin construiu após o retorno das Nirnaeth, atravessado na ampla entrada da Orfalch Echor.
Não havia muro lá, mas dos dois lados havia torres redondas de grande altura, com muitas janelas, que convergiam em sete andares até um torreão de aço brilhante, e entre as torres erguia-se uma enorme cerca de aço que não enferrujava, mas rebrilhava fria e branca. Sete grandes colunas de aço lá havia, esguias, da altura e diâmetro de árvores jovens e fortes, mas encimadas por pontas acres que subiam aguçadas como agulhas; e entre as colunas havia sete barras transversais de aço, e em cada espaço sete vezes sete hastes de aço verticais, com cabeças como as lâminas largas de lanças. Mas no centro, sobre a coluna do meio, a maior, erguia-se uma enorme imagem do elmo real de Turgon, a Coroa do Reino Oculto, cravejada de diamantes.


Thus they came at length to a wide arch with tall pillars upon either hand, hewn in the rock, and between hung a great portcullis of crossed wooden bars, marvellously carved and studded with nails of iron. [...]
‘You have passed the First Gate, the Gate of Wood,’ said Elemmakil.

[...] Tuor saw that the way was barred by a great wall built across the ravine from side to side, with stout towers of stone at either hand. In the wall was a great archway above the road, but it seemed that masons had blocked it with a single mighty stone. As they drew near its dark and polished face gleamed in the light of a white lamp that hung above the midst of the arch.
‘Here stands the Second Gate, the Gate of Stone,’ said Elemmakil [...]

After a little space they came to a wall yet higher and stronger than before, and in it was set the Third Gate, the Gate of Bronze: a great twofold door hung with shields and plates of bronze, wherein were wrought many figures and strange signs. Upon the wall above its lintel were three square towers, roofed and clad with copper that by some device of smith-craft were ever bright and gleamed as fire in the rays of the red lamps ranged like torches along the wall.

Thus at last they drew near the Fourth Gate, the Gate of Writhen Iron. High and black was the wall, and lit with no lamps. Four towers of iron stood upon it, and between the two inner towers was set an image of a great eagle wrought in iron, even the likeness of King Thorondor himself, as he would alight upon a mountain from the high airs. But as Tuor stood before the gate it seemed to his wonder that he was looking through boughs and stems of imperishable trees into a pale glade of the Moon. For a light came through the traceries of the gate, which were wrought and hammered into the shapes of trees with writhing roots and woven branches laden with leaves and flowers. And as he passed through he saw how this could be; for the wall was of great thickness, and there was not one grill but three in line, so set that to one who approached in the middle of the way each formed part of the device; but the light beyond was the light of day.

Tuor [...] was brought to the Gate of Silver.
The wall of the Fifth Gate was built of white marble, and was low and broad, and its parapet was a trellis of silver between five great globes of marble; and there stood many archers robed in white. The gate was in shape as three parts of a circle, and wrought of silver and pearl of Nevrast in likenesses of the Moon; but above the Gate upon the midmost globe stood an image of the White Tree Telperion, wrought of silver and malachite, with flowers made of great pearls of Balar.

So they came to the Golden Gate, the last of the ancient gates of Turgon that were wrought before the Nirnaeth; and it was much like the Gate of Silver, save that the wall was built of yellow marble, and the globes and parapet were of red gold; and there were six globes, and in the midst upon a golden pyramid was set an image of Laurelin, the Tree of the Sun, with flowers wrought of topaz in long clusters upon chains of gold. And the Gate itself was adorned with discs of gold, many-rayed, in likenesses of the Sun, set amid devices of garnet and topaz and yellow diamonds.

[...] the way was short to the Seventh Gate, named the Great, the Gate of Steel that Maeglin wrought after the return from the Nirnaeth, across the wide entrance to the Orfalch Echor.
No wall stood there, but on either hand were two round towers of great height, many-windowed, tapering in seven storeys to a turret of bright steel, and between the towers there stood a mighty fence of steel that rusted not, but glittered cold and white. Seven great pillars of steel there were, tall with the height and girth of strong young trees, but ending in a bitter spike that rose to the sharpness of a needle; and between the pillars were seven cross-bars of steel, and in each space seven times seven rods of steel upright, with heads like the broad blades of spears. But in the centre, above the midmost pillar and the greatest, was raised a mighty image of the king-helm of Turgon, the Crown of the Hidden Kingdom, set about with diamonds.

Dia Internacional da Tradução | International Translation Day

Desde 2017, as Nações Unidas reconhecem 30 de setembro como Dia Internacional da Tradução. É a festa de S. Jerônimo, padroeiro dos tradutores segundo a Igreja Católica, que verteu a maior parte da Bíblia para o latim. Para mim, que traduzi e co-traduzi diversas obras (de Tolkien e outros autores) para o português, é uma oportunidade para recordar esses trabalhos e meus colegas de ofício.


Since 2017 the United Nations have recognised 30 September as International Translation Day. It is the feast of St Jerome, patron of translators according to the Catholic Church, who converted most of the Bible into Latin. For me, who translated and co-translated several works (by Tolkien and other authors) into Portuguese, it is an opportunity to remember those labours and my colleagues in the craft.


... alguns exemplos de "tradutor": | ... a few examples of "translator":

Gótico | Gothic • Japonês | Japanese [hon’yaku-sha] • Islandês | Icelandic
Armênio | Armenian [t’argmanich’] • Finlandês | Finnish • Coreano | Korean [yeogja]
Irlandês | Irish • Anglo-saxão | Anglo-saxon • Húngaro | Hungarian
Grego | Greek [metafrástis] • Amárico | Amharic [āsiterigwamī] • Hebraico | Hebrew [metargem]
Galês | Welsh • Russo | Russian [perevodchik] • Chinês | Chinese [yì zhě]
Polonês | Polish • Árabe | Arabic [mutarjim] • Tcheco | Czech
Turco | Turkish • Romeno | Romanian • Georgiano | Georgian [mtargmneli]


2021-09-22

Na estrada em Gondor | On the road in Gondor

De que lado da estrada dirigiam os gondorianos? Do direito, não do esquerdo como seria de se esperar de um autor inglês. Neste trecho d'O Senhor dos Anéis, está claro que os veículos mais lentos andam à direita e os mais rápidos os ultrapassam à esquerda:

Mas a maior parte do tráfego saía pela estrada principal, e esta se virava para o sul [...] os carroções se moviam em três filas, uma mais veloz puxada por cavalos; outra mais lenta, grandes carroças com belos abrigos de muitas cores, puxadas por bois; e pela beira oeste da estrada iam muitos carros menores arrastados por homens esforçados. [O Senhor dos Anéis (HarperCollins Brasil, 2019), "Minas Tirith"]


On which side of the road did the Gondorians drive? On the right, not on the left as would be expected from an English author. In this passage from The Lord of the Rings, it is clear that slower vehicles drive on the right and the faster ones pass them on the left:

But most of the traffic went out along the chief highway, and that turned south [...] the wains were moving in three lines, one swifter drawn by horses; another slower, great waggons with fair housings of many colours, drawn by oxen; and along the west rim of the road many smaller carts hauled by trudging men. [The Lord of the Rings, "Minas Tirith"]

Linguística tolkieniana | Tolkienian linguistics

 Diversos de meus artigos linguísticos tolkienianos foram publicados no site Tolkiendil. Agradeço a Damien Bador, que entrou em contato comigo e se ofereceu para coordenar a publicação.


Several of my Tolkienian linguistic articles are were published on the Tolkiendil site. I thank Damien Bador, who contacted me and offered to co-ordinate publication.

Uma sub-criação coletiva | A collective sub-creation

 Ill Bethisad (que tem seu próprio Wiki) é nosso próprio mundo em uma linha de tempo alternativa construída coletivamente, que parte de alguns pontos de divergência. E a inspiração original foi linguística! Explore o IBWiki, que tem um verbete sobre Tolkien (que lá foi Sir Ronald) e outro sobre O Senhor dos Anéis, com o Poema do Anel em línguas sub-criadas.


Ill Bethisad (which has its own Wiki) is our own world on a collectively-constructed alternative timeline, starting from some points of divergence. And its original inspiration was linguistic! Explore the IBWiki, which has an entry on Tolkien (who was Sir Ronald there) and another one on The Lord of the Rings, with the Ring-verse in sub-created languages.